![]() |
Cidade Espiritual |
Nós
éramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. Mas está bem que seja
assim, e não vamos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha.
Somos
dois navios que possuem, cada qual, seu objetivo e seu caminho; podemos nos
cruzar e celebrar juntos uma festa, como já fizemos – e os bons navios ficaram
placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol. Parecendo haver chegado ao seu
destino e ter tido um só destino.
Mas,
então, a todo-poderosa força de nossa missão nos afastou novamente, em direção
a mares e quadrantes diversos, e talvez nunca mais nos vejamos de novo ou
talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis
nos modificaram! Que tenhamos de nos tornar estranhos um para o outro é da lei
acima de nós: justamente por isso deve-se tornar mais sagrado o pensamento de
nossa antiga amizade! Existe provavelmente uma enorme curva invisível, uma
órbita estelar em que nossas tão diversas trilhas e metas estejam incluídas
como pequenos trajetos – elevemo-nos a esse pensamento!
Mas nossa
vida é muito breve e nossa vista muito fraca, para podermos ser mais que amigos
no sentido dessa elevada possibilidade. – E assim crer em nossa amizade
estelar, ainda que tenhamos de ser até inimigos na Terra.
Fonte: A Gaia Ciência - Friedri ch
Wilhelm Nietzsche
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe, registre o seu comentário: