Toda criatura orgulhosa é, quase sempre,
também arrogante!
O orgulho, o mais terrível sentimento
negativo, baseia-se numa falsa avaliação que a criatura faz do seu sentimento
de auto-estima.
Ele é a porta de entrada para um grande número
de sentimentos negativos, tais como a luxúria, a ira, a preguiça, a inveja, a
cobiça e a gula, que, no seu conjunto, são conhecidos como "os sete
pecados capitais", mas que preferimos chamar de "os sete vícios
morais fundamentais" da criatura humana.
Isso decorre das reações impróprias que opomos
a tais sentimentos quando nos sentimos ofendidos. Por exemplo, quando sofremos
uma traição, ferindo a nossa auto-imagem e o amor-próprio, ativamos a nossa ira
e revidamos, também traindo.
Estamos sempre querendo pagar com a mesma
moeda as ofensas que recebemos e nisso está o problema. Se, por uma razão
qualquer, não conseguirmos pagar com a mesma moeda, procuramos outros
artifícios de revide, como no mesmo exemplo, podemos assimilar a ira em outro
sentimento também negativo como a mágoa.
Mágoa e ira, terríveis sentimentos, caminham
sempre juntos.
Então, a criatura procura alimentar a sua
auto-imagem. É isto que dá sustentação aos demais sentimentos, baseando-se a
criatura em falsos conceitos, totalmente equivocados a respeito de si
mesma.
Quando falamos em auto-imagem estamos nos
referindo a uma pessoa que possua caráter impoluto, que seja gentil e
respeitadora e que pratique suas boas ações, sempre cheia de boas intenções. É
óbvio que muitas criaturas não procedem dessa forma com naturalidade e procuram
esconder de si mesma o que realmente são. Por isso, dizemos que, para evitar o
agravamento de certos problemas, devemos fazer uma auto-análise para
descobrirmos o que realmente somos.
Os psicólogos costumam tratar o amor-próprio
de forma um pouco diferenciada da auto-estima. Trata-se de uma afetação
emocional causada por um sentimento ferido, que está enraizado em nível
emocional.
O amor próprio ferido normalmente é a causa
principal de muitas atitudes inferiores. Podemos, portanto, conceituar o
amor-próprio como sendo uma forma de apego que a criatura tem para consigo
mesma. O amor-próprio diferencia-se do amor universal, que decorre daqueles que
amam a todos os seres sem qualquer discriminação e sem se apegarem a nada. Do
amor próprio ferido decorrem muitos outros sentimentos negativos, tais como a
impaciência, o derrotismo, a frustração e até a vingança.
Toda criatura orgulhosa é, quase sempre,
também arrogante. A arrogância caracteriza-se por uma maneira prepotente de ser
e atuar, sendo uma atitude em que o ser se apresenta diante das demais pessoas
com o objetivo de diminuí-las perante si mesmas. Daí, o arrogante tratar com
indiferença os seus semelhantes, de uma maneira bem diferente de uma pessoa
altruísta.
A criatura orgulhosa julga-se perfeita,
auto-suficiente, infalível, sendo, pois, um sentimento enraizado em nível
mental. Tais criaturas consideram-se capazes de fazer qualquer coisa,
geralmente para ofender e humilhar seus semelhantes, dando-se muito valor às
suas atitudes, com o que podem chegar à beira da obsessão.
Os orgulhosos gostam muito de chamar a atenção
sobre si mesmos, isto é, procuram demonstrar e acentuar um mérito próprio que
não têm, sempre que fazem algo um pouco fora do comum. Em outras palavras, tais
criaturas acham-se sempre merecedoras de algo, bem além da realidade. Este
viés está aliado à auto-importância e a auto-suficiência que os orgulhosos dão
a si mesmos.
Os orgulhosos são pessoas que se julgam boas
em tudo que fazem e vivem momentos de glória que efetivamente não possuem. Pelo
fato de valorizarem-se mais do que merecem, o mérito que o orgulhoso procura
atribuir-se está aliado à auto-importância. São idéias, criações e conceitos
equivocados que o orgulhoso tem de si mesmo, não passando de falsa avaliação
mental.
Daí decorre que o orgulhoso tem um egoísmo
muito acentuado e, por ser muito apegado a si mesmo, nada dá de si.
Verifica-se, portanto, que o egoísmo e a vaidade que o orgulhoso carrega estão
aliados à autoconsideração e ao ressentimento, sendo enraizado em nível
emocional. Assim, o egocentrismo é a única atitude que lhe interessa, não tendo
qualquer consideração para com as demais pessoas. Tais criaturas têm um ego
exacerbado.

Numerosas são as atitudes dos orgulhosos,
sendo fáceis de ser identificadas na vida prática de todos os dias, revelando
até mesmo aos olhares menos sensíveis, sua identificação com os sentimentos do
orgulho e da vaidade. Destacamos a sua forma exagerada de considerar-se a si
mesmo frente aos seus semelhantes.
Os orgulhosos sentem-se sempre melhores e mais
importantes que os outros (complexo de superioridade); sentem-se sempre
merecedores de algo mais do que valem; identificam-se pelas qualidades que
pretendem demonstrar sem as ter; autovalorizam-se em demasia; gostam de exibir
seus bens materiais e exagerar-se nas aparências e no modo de vestir, mostrando-se
vaidosos; supervalorizam os seus serviços profissionais; olham com indiferença
os seus semelhantes, principalmente pobres e mendigos, quase nunca os ajudando;
nunca agem de forma altruísta, por lhes ser contrário ao seu modo de agir este
nobre sentimento.
O orgulhoso utiliza-se principalmente dos
sentimentos e emoções mais fracas ou negativas do ser, já que a criatura
orgulhosa sempre acha que vale mais que o seu semelhante, tendo uma visão bem
materializada da vida. Fazem de tudo que podem, quase sempre usando expedientes
moralmente condenáveis, para fazerem triunfar a sua prepotência, empáfia,
vaidade e orgulho.
Fonte: Caruso Samel
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